" ... As manhãzinhas eram propícias a caminhada na orla, de preferência em plena cerração, ao som de um mar sereno. Dos automóveis na avenidad só se viam as lanternas acesas, ninguém buzinava, ninguém buzina no invisível. E eu ia a passos cadenciados, com arrancadas esporádicas porque não gostava que emparelhassem comigo. Os caminhantes em sentido contrário ma surgiam, já tinham passado, e com eles palavras soltas, pedaços de palavras. Mais tarde começava a se afinar a bruma, e as montanhas se desanuviando, era a cidade querendo exibir sua pele. Entretanto as pessoas que eu topava por mais que rissem e balançassem os corpos, não me parecim afeitas ao ambiente. Às vezes eu as via como figurantes de um filme que caminhssem pra lá e pra cá, ou pedalassem na ciclovia a mando do diretor..."
Texto extraído do livro Budapeste de Chico Buarque
Passa Voando
Há 6 anos
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